Em 11 de fevereiro de 2003, exatos dez anos atrás, desembarquei com a minha recém-amiga Mariana Petrulio na cidade de Newark, em New Jersey. Ambas tínhamos programado nosso intercâmbio como au pairs um ano antes e não tínhamos ideia de que iriamos trabalhar e morar com famílias vizinhas, tampouco o que nos esperaria durante aqueles doze meses que se seguiriam. A gente nunca tinha saído do País.
Deixamos nossas famílias para trás, eu deixei meu então noivo de quatro anos, deixamos carreira, estudo, etc., tudo em nome de viver uma experiência que nos traria a fluência no inglês, tão necessária para nos levar mais longe na vida. Naquele momento, a gente não tinha noção de que havia ido mais longe do que jamais pensávamos que iríamos.
Confesso que estava assustada. Fui tão determinada a estudar por um ano e voltar para o meu país, sabendo melhor sobre como falar em inglês e acreditando que continuaria a ser a mesma pessoa, retornando para o meu noivo e, dali, iniciando os preparativos para um casamento que, no fim, nunca aconteceu... Aos recém-feitos 24 anos, eu não sabia de nada mesmo...
As melhores pessoas
Assim como minhas amigas queridas, comecei a conhecer pessoas bacanas demais. Brasileiros, americanos, asiáticos, espanhóis, indianos... Minha própria host family, os Quayles, foi a síntese de como é possível se relacionar com alguém completamente estranho e fazer uma amizade para toda a vida, mesmo tantos anos depois e com tanta distância entre um ponto e outro.
Kathy, minha host mom, sempre foi de uma delicadeza, de uma compreensão, de uma generosidade comigo... Sempre fez questão de me fazer sentir em casa, como parte da família. Sempre apoiou minhas decisões com as crianças. E, ah..., as crianças. Zach, que na época estava com seis anos, e Zoe, com quase dois anos, se tornaram filhos para mim. E, embora tivéssemos nossos problemas de vez em quando, eles me eram tão queridos e tão importantes como só filhos são - o que já posso falar de cadeira.
Tive o prazer de viver um ano com eles e de me sentir tão amada como se estivesse em meu país e, de lá, morei com outras três famílias e cuidei de mais oito crianças. Cada uma de um jeito, com sua personalidade, com sua forma de enxergar a vida. Mas os Quayles continuaram a ser minha referência e isso se dá até hoje!
Ao longo do tempo, fiz amizade com uma grande turma de brasileiros e foram tantas pessoas queridas que passaram por meus dias americanos... Rogério, Tequinho, Ana Paula, Carol, Juliana, Helida, Betinha linda, Romildo, Daniela, Tulio, Sabrina, Renata, Patrícia, Ricardo, Cláudio, e mais tantos. Cada um fez uma diferença tremenda na minha vida e só eu sei o quanto foram essenciais em momentos-chave da minha vida na Philadelphia.
Segunda casa
E o que falar da Philadelphia, a não ser agradecer? Uma cidade ímpar, de uma acolhida fabulosa, cheia de gente jovem de todo lugar do mundo, com movimento, história, belos lugares, ótimos restaurantes e pessoas encantadoras.
Philadelphia e eu temos uma relação tão incrível, que sonho com essa cidade. Todo esse tempo depois e fui trabalhar numa empresa que tem filial justamente na Philadelphia. Que tem funcionários que são amigos dos meus amigos brasileiros de lá! Não bastasse, fui ao cinema na sexta para assistir "O Lado Bom da Vida" (título original: Silver Linings Playbook) e aonde o filme se passa? Exato! Na Philadelphia. Deu uma saudade tão grande da minha segunda casa!... Ainda mais porque o filme é incrível e vale cada minuto.
De toda forma, acho que sempre terei uma relação diferente com a Philadelphia. Não só porque me acolheu como minha cidade natal e porque foi o lugar em que fiz amigos incríveis e tive um aprendizado imenso. Mas, principalmente, porque foi a cidade em que meu filho foi gerado.
Sim, quando embarquei para lá dez anos atrás, eu não fazia a menor ideia de que 18 meses depois traria comigo para o Brasil uma barriga de sete meses, à espera de um garotinho maravilhoso, a quem dei o nome de Lucca.
Depois que voltei ao Brasil e, dois meses depois, tive o Lucca, minha vida nunca mais foi a mesma. Uma nova etapa começou: a da real maternidade. E, desde então, tem sido uma jornada única, de descobertas diárias, de aprendizado ininterrupto, de um amor que só aumenta a cada dia.
Sei que ainda colocarei meus pés de novo na Philadelphia. E, desta vez, não estarei sozinha: estarei com meu filho. E sabe-se lá o que acontecerá e o quanto isto nos afetará, quando chegarmos à nossa segunda casa, ao nosso "secret garden".
Até breve!
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