domingo, 17 de janeiro de 2016

Sobre o amor e outras coisas

Eu não sei você, mas vivo me perguntando se sei mesmo o que é amor, o que é amar, o que é sentir isso que todo mundo vive dizendo que precisa, que sente, que deseja, que adora, que odeia. O que raio é essa história de amar?

Já são muitos anos de terapia, de auto-ajuda, de espiritualidade, de investimento no meu auto-conhecimento. Já são muitos anos de evolução, involução e revolução aqui dentro, também. Uma necessidade enorme de entender meus sentimentos, de racionalizar, eu admito. Quando racionalizo, parece que volto a ter controle sobre o que eu sinto. Então, fica mais simples de tocar a vida em frente, quando as coisas não saem exatamente como eu queria ou imaginava que seriam.

Nas poucas ocasiões em que me vi ou vejo "amando" alguém, que não meus familiares ou amigos, sempre me pergunto se o que eu amo é a atitude dele sobre mim ou se é o que ele me faz sentir. Se o que eu acho que é amor é essa ebulição que vai aqui dentro, essa vontade de estar junto, de sentir o cheiro, de rir junto, de fazer alguma coisa ou ouvir uma música que me remete a ele. De sentir aquele aconchego no abraço enorme e terno, de encontrar paz na voz que ri, que conta uma história e se despede, esperando por mais... Aquela sensação frequente de déjà vu, de enxergar o rosto dele a todo tempo, de reviver os bons momentos, de ansiar pelo próximo encontro. Isso é amor ou auto-amor? É se enxergar no outro, é enxergar o melhor de si no outro? É dar de encontro com a auto-imagem, o auto-amor, a felicidade em pílulas?

É tudo isso aí ou é carência, ou impaciência ou uma vontade sôfrega de me entender por meio do outro? Eu sei; é pensar demais. É meu lado terra, meu medo de perder o controle e de não me encontrar mais. Meu medo de deixar o outro entrar e me vasculhar, e encontrar todos aqueles cantos escuros que eu não sei lidar, que eu nem quero ver ou comentar.

Eu não sei. E, na verdade, nem sei se um dia eu saberei o que amar. Com os anos idos, foram tantas experiências aqui e ali, nesse continente e no outro, de quem eu esperava ou fui tomada de surpresa... Tudo isso que me faz crer que amar mesmo eu só saberei quando não mais amar. Eu digo isso, porque, para mim, a verdade verdadeira é que eu só me dou conta de que senti muito, de que senti demais, de que fui muito e em demasia, quando o auge passou e, então, eu me dou conta de quem eu fui, do amor que me dei, de quem ele foi e de tudo o que de melhor vivemos; do que deixei nele e das marcas que ele deixou em mim.

Amor? Não sei não. Quando ele estiver por aí, diga que mandei lembranças. Diga que foi bom, que me fez bem e que vou gostar de reencontrar um dia.

A paz! E bem também. Pra mim, pra ele e pra você!