quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Oito anos depois...

Eu jamais conseguiria colocar em palavras o que me causou toda a ausência de você nesses mais de oito anos. É pedir demais. Nada que eu diga ou que eu faça seria capaz de demonstrar todo o sentimento e toda a importância que você e tudo ao seu redor sempre tiveram para mim.

Mas eu não sei o que acontece com a gente. Não sei porque nós, seres humanos, temos essa péssima capacidade de tornar algo bonito e próspero em algo que não cabe mais. Em algo que machuca, que magoa, que deixa aquele gosto amargo na boca. E tudo o que a gente tinha de melhor se perdeu no meio do caminho. E que falta eu sinto dos dias idos, das frases trocadas, dos sorrisos no meio da noite, dos banhos juntos, de suas covinhas e sardas no rosto.

Aquela sua capacidade única de me entender no olhar, de dizer tanto sem falar coisa alguma... e aquela minha ânsia tão grande de tirar aquele peso do mundo que você sempre carregou nas costas. Aquela minha vontade semi-heróica de libertar você da tristeza, dos traumas da infância, daquele mundo de sombras que te afastava de tudo o que era bom. O que eu queria mesmo é que você me deixasse te abraçar, te dizer que tudo passaria, que ali você estava salvo e que tudo ia ficar bem para sempre. O que eu não sabia é que aquilo tudo não estava sob o meu controle ou o seu, e que ia muito além do que eu jamais poderia imaginar. Que o final já estava escrito e que, não importava quão mais eu nadasse contra, o resultado seria o mesmo.

Quando vejo uma fotografia sua, lembro de cada detalhe dos seus braços – mesmo com a tatuagem que não é do meu tempo, mas que sei bem do significado que tem para você -, de suas mãos, de seu rosto, seu cabelo tão curtinho, aquela barba bem feita e o som da sua voz. Ah, o som da sua voz.... era um som que chegava diretamente ao mais profundo da minha alma, sem pedir passagem ou fazer escalas. Simplesmente chegava.

Eu sei que você me odeia. Eu sei que você me odeia por ter mudado a sua vida. Por ter trazido a você um passado que é presente e que será parte de seu futuro para sempre. Eu sei que você me odeia por ter te tirado do prumo e daquela sua habilidade de não se mexer por nada nem ninguém. Mas eu também sei que você me amou muito um dia  e que nem imaginava ser capaz de sentir aquilo tudo por alguém. Mas você sentiu e nada pode mudar isso. E passou. E se foi.

Eu sinto muito. Sinto por você e por mim. Sinto pelo amor que tínhamos um pelo outro. Sinto pelos dias idos e sinto muito pela nossa falta de capacidade, individual e conjunta, de não conseguir amar mais ninguém.