terça-feira, 14 de maio de 2013

O tempo da saudade

Confesso: eu não fui ensinada, treinada, educada para sentir saudades, para sofrer perdas. E também confesso que ainda tenho bem pouco evoluída essa capacidade dentro de mim.

Não ganhar uma partida no jogo de tabuleiro, não ser selecionada num concurso, pegar a cartela mais fuleira do bingo da igreja, perder até na raspadinha... Tudo isso faz parte da vida, mas perder pessoas definitivamente não é comigo.

E quando eu falo em "perder pessoas", não estou falando apenas daquelas que partem desta para uma melhor, como aconteceu com minha querida avó Vicentina, em 2009. Falo daquelas que partem para outro lugar, para outro trabalho, para outra cidade, para outro país. Falo daquelas que, de uma hora para outra, deixam de fazer parte do seu convívio, da cumplicidade da vida diária, para seguirem outro rumo.

É óbvio que fico feliz pela mudança delas. No fim das contas, todos nós buscamos algum tipo de evolução; algo que nos sacie essa contínua inquietação. Mas não posso negar minha tristeza em não ter por perto aqueles que me são tão caros, tão mágicos, tão queridos. Sinto como se um pedaço de mim fosse embora também e dói.

E agora?
Hoje, 14 de maio, estou sofrendo mais uma perda. Mas não é qualquer perda. É a ida de alguém que me tem uma importância absurda. Alguém em quem confio meus segredos, minhas fragilidades, meus sonhos. Alguém com quem possuo uma afinidade, uma identificação, uma cumplicidade sem fim.

É também alguém com quem quebro o pau, discordo, brigo e choro. Alguém com quem troco ideias e dúvidas sobre o trabalho, sobre a vida familiar, social, pessoal. Alguém que eu adoro desde o primeiro dia pela plena capacidade de se superar, pela extrema auto exigência, pela ética, pela generosidade e, acima de tudo, pela integridade. É alguém de uma integridade que eu nunca vi igual; uma pessoa digna de referência e sincera admiração. 

Essa pessoa tem a dignidade de me ouvir, de me aturar nos piores dias da TPM, de também discordar de mim e de me dizer grandes e pequenas verdade na lata, de me elogiar e admirar meu jeito de falar inglês e de palpitar sobre as coisas. É alguém que tem a capacidade de pedir desculpas, quando enxerga que exagerou na mão. Alguém que deseja o meu melhor tanto quanto eu à ela.

É... vai ser duro não te ter mais por perto, pessoa tão querida. Vai ser duro me acostumar à sua ausência, a não almoçar ou tomar aquele lanchinho rápido da tarde com você, falando e ouvindo sobre 398 assuntos ao mesmo tempo...

E agora? Como é que vai ser sem você? Como é que vai ser não te ver mais? Como é que vai ser não ter mais essa sensação sublime de conforto, de "casa", de cumplicidade, de carinho, de bem querer? Para mim, é como você me disse recentemente: "uma amizade verdadeira, que não é apenas de momentos bons, vale muito mais que vários amores".

Espero, apenas, que você leve consigo um pedacinho do que eu tenho de melhor. E que também deixe comigo um pedacinho seu; um pedacinho de todo esse seu bom coração.

Aprendi tanto com você, durante essa nossa jornada juntos. Amadureci tanto a partir das nossas conversas. É... vai ser duro. Mas forte como você é, eu vou seguir em frente. E tudo para também te ver brilhar. Amo-te!

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