Troço chato nessa vida é conviver com quem fica em cima do muro. Nem dá e nem desce. Não opina, só escuta. Não se coloca, só se esconde atrás das opiniões alheias. Não se banca, só procurando sombra em quem se arrisca e confia no próprio taco.
Honestamente, eu não sei qual é a dessas pessoas e o que elas têm para me ensinar. A ser prudente? A não escancarar a minha opinião? A me resguardar de exposições em cenários não-amistosos? Pode ser tudo isso, mas acho que essas pessoas me ensinam, sobretudo, a não ser como elas.
Não tô falando aqui que me acho melhor, só porque expresso o que sinto e o que penso por meio de linhas como estas, ou pelos olhares e gestos que saem de mim frente às situações do dia a dia. Tô falando sobre a coragem de se bancar. Sobre apostar no próprio taco e dar a cara para bater de que é enfrentando a vida que as coisas realmente mudam e podem ser melhores.
Eu sinceramente não conheço pessoa que tenha conseguido fazer um turn around com a própria vida, sem ter tomado decisões. Mesmo que fossem aquelas conflituosas, que ninguém quer tomar, que ninguém quer pôr a mão, mas que são um santo alívio no momento em que se deixa a vida seguir o seu curso.
Ao lado dele, tínhamos uma colega que é o oposto desse cenário. Alguém estável, de vida equilibrada, sem sustos, sem grandes surpresas. E eu ali, entre eles, fiquei impressionada ao trazer esses exemplos pra mim. Enxerguei com uma clarividência sobrenatural o fato de que jamais serei alguém plano, uma mulher de uma vida calma e simples. Eu não sou assim. Pode ser que um dia eu esteja assim, mas não sou hoje e nem sei se serei em algum momento futuro.
Mulher de fases
Enxergo em mim uma Ana de mil facetas, de gargalhadas exorbitantes e uma tristeza sem fim, de zilhões de contradições e buscas desenfreadas por respostas que não apaziguam minhas perguntas e que não me deixam parar nunca. Me vejo nesse mundo de cabelos compridos (hoje, compridos. sabe-se lá amanhã...), lápis nos olhos, penduraquilhos nos braços e saltos no céu. Alguém que tem medos, certezas, que se engana, que adora observar as sensações e emoções do outro, que cai, mas não desmorona... que ainda acredita em amor de verdade. Aquele amor que mistura a paixão, a admiração, o respeito, o medo, a insconstância, o frênesi, a raiva, a calmaria e parceria de uma vida inteira.
No meio disso tudo, o que enxergo é uma Ana que se banca, independentemente das consequências. Que vive porque sabe que, no fundo, a resiliência é prima-irmã das conquistas que realmente valem a pena. Sou eu assim: doida, santa, muda, coragem. Mas sou eu, imperfeita assim, que assumo meus erros, que odeio injustiça, que não suporto indecisões, incoerências e esquizofrenias. Que ama crianças, idosos e cachorros, além de árvores, flores e o ceú com ou sem chuva, com ou sem sol ou lua. Sou essa aqui que precisa das letras, das palavras e do espaço em branco pra colocar pra fora tudo o que se mistura, se configura e se entrelaça dentro de mim.
Sou essa Ana que não aceita mais "dog days", nem sentimentos pela metade. Sou essa Ana intensa, independente, forte, medrosa, marcante, idealista, perdida e achada 2.587 vezes por dia. Mas sou eu. E me aceito e me amo assim mesmo. Até o dia de virar a curva e dizer tchau.
É isso!
muito bom!!!
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