domingo, 12 de agosto de 2012

"Quem é o pai?"

É o que sempre me perguntam, quando ainda não me conhecem e me vêem com o meu filho Lucca. Num dia bom, respondo que o pai dele é americano e que continua morando nos Estados Unidos (o que também é um saco, porque a partir daí seguem-se zilhares de outras perguntas: mas ele já conhece o pai? o pai já veio para o Brasil? mas conta essa história... blablablablabla). Num dia ruim - leia-se: de TPM ou TDM -, eu respondo: sou eu mesma. Sou "pãe": a melhor definição para mulheres como eu que, além do papel materno, cumprem a paternidade como dom divino e necessidade de ocasião.

Bom, e daí tudo isso? Daí que nesse domingo, 12 de agosto, foi celebrado o Dia dos Pais no Brasil. Já meio perto dos oito anos, o Lucca se habituou a fazer presentes e cartões na escola, que são destinados ao meu pai, avô e melhor amigo dele - o "Mate", melhor amigo do McQueen (o qual o Lucca se auto-denomina). Para mim, a esta altura do campeonato, esse pensamento natural do Lucca em reverenciar meu pai nesta data é algo bem normal.

É meu pai quem o busca na escola e participa das reuniões de pais e mestres, nos dias em que eu não posso. É ele quem toma banho com o Lucca e ensina as "coisas de menino", que eu não entendo e não tenho como explicar. É meu pai Roberto (com a doçura e gentileza eternas de minha mãe querida, a Alice) quem impõe limites ao meu filho, enquanto ainda não cheguei do trabalho. E é ele que, principalmente, abençoa meu filho antes de dormir todas as noites.

Papel e amor dobrados
Não me surpreende, sobremaneira, ver meu pai tão querido sendo tão presente, tão assertivo, tão bacana com o meu filho, durante todo esse tempo. Meu pai, o Roberto, é alguém que sabe na pele (tanto quanto o Lucca saberá em um futuro breve) o que significa não ter uma figura paterna de verdade por perto. Ele, como o Lucca, sabe bem qual é a sensação de não ter um pai que o busque na escola ou que leia para ele, antes de dormir. Tampouco explique para ele porque algumas coisas entre mães e pais não dão certo ou porque o formato da nossa família é diferente da maioria.

Meu pai, toda vida, foi meu herói. Foi quem me carregou nos ombros e me levou para comprar balas na padaria perto de casa. Dançou valsas imaginárias comigo, em cima dos pés dele, aos meus tenros quatro anos de idade. Que, ano após ano, encampou todos os meus cadernos e apostilas com o máximo do perfeccionismo. Foi ele que, a duras penas, tentou me ensinar Matemática por anos a fio (sem sucesso, devo reconhecer!). Foi meu pai também que pagou todos os meus 20 anos de estudo até a conclusão da faculdade, me deu meu primeiro carro, me estimulou a perserguir e conquistar os meus sonhos e me acolheu em todos os momentos de tristeza e auto-abandono.

Quando o vejo tratando o Lucca não apenas como o neto mais querido desse mundo, como também o filhinho homem que ele não teve, eu o vejo ainda cuidando daquele Beto pequenininho, que foi abandonado pelo pai tão menino quanto o Lucca. E vejo que ele faz de mim, da minha irmã, até da minha mãe querida, além do próprio Lucca, a criança amada, protegida, segura, querida e bem acolhida que ele sempre quis ser.

Assim, eu até posso ser "pãe" (uma vez que as contas, as broncas, grande parte das responsabilidades de se cuidar e de se criar um filho estão comigo - e por opção!), mas, como eu, meu pai também assumiu um papel dobrado que só traz um amor em dobro também. E como é bom ter a ele - e não a qualquer outro traste que se diz homem ou pai - como o melhor exemplo masculino que meu filho poderia ter nessa vida!

Salvem todos os homens que são pais de verdade e também todas as mães que cumprem esse papel brilhantemente, com o principal objetivo de criar filhos decentes e dignos para esse mundão de meu Deus!

E como diria o ator Milton Gonçalves, em entrevista genial ao programa "Em busca do pai", do canal GNT: "Aquele que é pai não tem o direito de esquecer o seu fiho. E mesmo quando longe muito tempo, no reencontro, tem que manifestar alegria de rever aquilo que é o seu vínculo fundamental.". Em minhas próprias palavras, eu não definiria melhor o que vai aqui dentro...

E ponto, parágrafo. Até o próximo capítulo!

Um comentário:

  1. Lindo, ainda bem que vc sabe que ele não conseguiu quanto à matemática...
    Saudades das valsas imaginarias, de sentir como se pudesse tocar o céu nos ombros do papai =)

    ResponderExcluir